Na História, o que não falta é tortura. Desde a Pré História até os 20 minutos que se passarão até o fim dessa postagem, houve e haverá tortura. Disso todos sabemos, mas como surgiu essa prática? Como determinadas civilizações desenvolveram essas técnicas? Em que momento foram necessárias?
O Livro do Historiador alemão Martin Zimmermann, professor de História Antiga, responde como surgiram tais hábitos.
Mas, nesse texto mesmo, o História Lecionada traz um pouco mais de como surgiram e como foram aplicados tais hábitos na História e também em quais momentos e em quais civilizações/impérios a tortura foi usada.
Confira!
O berço da civilização também foi o local de nascimento da atrocidade? Historiadores vêm pesquisando as formas de tortura mais extremas do mundo antigo. Entre outras coisas, eles descobriram que, na época, “sentar na banheira” era uma forma bem cruel de morrer.
No total, Julio Cesar estimou ter matado 1.192.000 inimigos durante seu império. Enquanto isso, o imperador Tiberius amarrava com um laço as uretras dos homens e os forçava a beber vinho. E com Calígula, tornou-se comum serrar nobres ao meio.
Parecem práticas ruins – mas terão sido as mais cruéis? Entrariam na lista das 10 maiores barbaridades?
No Extremo Oriente antigo, onde havia grandes Estados com diferentes etnias, os líderes demonstravam sua força inventando criativas novas formas de tortura e métodos de execução agonizantes – para manter a população obediente.
Porém, no transcurso da história foram desenvolvidas variadas formas de torturar alguém ou um grupo de pessoas, até a moderníssimo assédio moral, que não deixa de ser uma forma de tortura praticada a céu aberto e em qualquer lugar. Seria a famosa tortura psicológica que vai minando a autoestima e a capacidade de socialização de alguém, seja no ambiente de trabalho ou na própria residência.
Todos nós também conhecemos de ouvir falar sobre os famosos palitinhos de bambu sob as unhas e as gotas que pingam de um balde durante horas ou dias na testa de alguém. Isso pode levar à loucura, mas o que não sabemos é como essas formas, e outras mais, surgiram e eram aplicadas. O historiador e professor de história antiga alemão, Martin Zimmerman, acabou de lançar o livro “Extreme Formen von Gewalt in Bild und Text des Altertums” (Algo como Formas Extremas de Violência em Textos e Imagens da Antiguidade), que segundo suas palavras inspiram “asco, pavor, horror e repugnância”.
O autor do artigo que está no Spiegel Online, Matthias Schulz, recorre a Suetônio e “Os 12 Césares”, para iniciar o artigo citando algumas das formas prediletas de tortura exercidas por alguns imperadores romanos como o caso de Tibério, que antes de fazer o torturado tomar litros de vinho, amarrava o pênis do condenado com um garrote. Logo, este não poderia urinar e acabava morrendo após o rompimento da bexiga.
No antigo oriente, para que os governantes de vastos impérios mantivessem a população, composta por várias etnias, obedientes, insuflavam o medo através de torturas e execuções agonizantes.
Os babilônios eram usuários de práticas como corte dos lábios, nariz e pés, cegueira, estripação e a requintada técnica de “gotejamento” do coração que, depois, era extirpado. Os Assírios eram mestres em cortar seus inimigos em picadinhos ou passar o fio da espada na barriga dos mesmos, “como se fossem carneiros”, dizia Assurbanipal, rei assírio entre 668-627 a.C.
Essas seriam algumas das formas em que o rei afirmava a essência de seu poder, isto é, poder de vida e morte sobre seus súditos. Bastava uma mudança de humor, por exemplo, para que alguém fosse esfolado vivo, como adoravam fazer quando algum governador provincial não acatava as ordens ou falhava em alguma determinação expressa do rei.
O esfolamento consistia em pendurar a vítima numa espécie de cabide de madeira, pelas costas, e sua pele ir dilacerando com a ajuda da Lei da Gravidade. Além disso, havia também a introdução de estacas no ânus da vítima, quando o carrasco martelava as mesmas no local previamente lubrificado, empurrando os órgãos internos do infeliz um de encontro ao outro. A vítima agonizava durante dias.
Os juízes da antiga Babilônia eram particularmente entusiasmados. Cortar pés, lábios e narizes, cegar, estripar e arrancar o coração eram punições padrão nesse canto do mundo antigo.
Mas os assírios parecem ter sido mestres da brutalidade. Eles também eram extremamente loquazes sobre os finais apavorantes que levavam aos seus inimigos. “Eu vou cortar sua carne e carregá-la comigo, para mostrá-la em outros países”, exultou Ashurbanipal, rei assírio que reinou de 668 a 627 a.C. Seu herdeiro gostava de abrir a barriga dos oponentes “como se fossem cabritos”.
“O rei foi o mais mortífero”, explica Andreas Fuchs, especialista no estudo dos assírios. “Era ele quem decidia o que aconteceria às vítimas. A capacidade de fazer essas decisões era a essência do poder pessoal real.”
Choque e admiração diante das punições permeavam todas as interações com o governante. Por exemplo: “Uma mensagem do rei ao governador de Kaleh: ’700 fardos de feno. No primeiro dia do mês, mais tardar. Um dia de atraso e você estará morto’.”
Os governadores das províncias que não cooperavam encontravam as mortes mais horríveis.
No esfolamento, a autoridade rebelde era pregada a uma estaca e tinha a pele das costas arrancada. Na empalação, o carrasco martelava uma estaca pelo ânus lubrificado da vítima. O objetivo era colocar a estaca de madeira arredondada cuidadosamente para que apenas pressionasse os órgãos internos para o lado. Muitas vítimas viviam dias empaladas.
Na maior parte das vezes, esses atos teatrais sangrentos e brutais eram encenados no território do inimigo conquistado. Artistas imortalizavam as cenas repulsivas, e as imagens aterrorizantes serviam de material educacional.
As cidades-Estado da Grécia antiga, enquanto isso, tendiam a manter sua tortura local, nas batalhas frequentes que travavam entre si. Raramente conquistaram povos de fora, e talvez por isso não se encontre propaganda visual violenta nos monumentos antigos gregos.
Na Grécia antiga, o sangue era derramado em outra parte. Só na Ilíada de Homero, 318 duelos sangrentos são descritos com precisão anatômica: dentes voam, olhos vazam e matéria cinzenta se espalha. E a realidade não era mais atraente. O tirano Periander de Corinto deu um chute tão forte na mulher grávida que ela morreu. Seu colega Phalaris mandou fazer um forno de bronze no formato de um touro – no qual assava seus inimigos vivos.
Na Roma antiga, os governadores não dependiam só das crucificações. Os condenados a morrer frequentemente também eram condenados a execução ad bestias. Ou seja, seriam despedaçados por animais selvagens no Coliseu. Eram demonstrações de poder político, mas com valor de entretenimento agregado.
Os pesquisadores também expuseram o Império Persa. Duas práticas persas são frequentemente mencionadas e sempre intrigaram os pesquisadores. Hoje, junto com especialistas em medicina forense de Colônia, o historiador Bruno Jacobs de Basel conseguiu resolver o mistério.
A frase “joguem-no nas cinzas” significava que o candidato teria que ficar dias em uma sala cheia de cinzas. Em algum ponto, a pessoa caía de fadiga e inalava as cinzas. Mesmo que conseguisse se levantar, seus pulmões se enchiam de flocos de cinzas, resultando em lento sufocamento.
Os romanos, que através de uma de suas formas de tortura, criaram o maior símbolo religioso de todos os tempos, a cruz, eram useiros e vezeiros dessa prática; além, é claro da execução ad bestias, isto é, fazer das vítimas o almoço e jantar de feras como leões e demais felinos esfomeados. E há uma passagem também de “Os 12 Césares”, em que Suetônio relata uma das formas pelas quais outros animais participavam de execuções como essas no Coliseum. As infelizes vítimas eram colocadas em moldes que lembravam uma vaca e um touro era utilizado para “cobrir” a suposta fêmea. Não é preciso informar qual era o resultado dessa forma de execução.
Os persas tinham uma expressão “Jogar às cinzas”, que consistia em colocar a vítima num aposento sem ventilação, tendo o solo desta sala coberto por uma espessa camada de cinzas. Em poucos dias, a pessoa morria lentamente asfixiada tendo seus pulmões enrijecidos pelas cinzas que se depositavam em seu interior. Algo bem parecido com a silicose, doença que acometia os trabalhadores das minas de carvão, por exemplo.
“Sentar na banheira” envolvia colocar o condenado em uma espécie de banheira de madeira apenas com a cabeça para fora. O carrasco então pintava o rosto da pessoa com leite e mel. As moscas começavam a cercar o nariz e as pálpebras da vítima. Ao mesmo tempo, esta era muito alimentada e logo estava nadando no próprio excremento.
Nesse ponto, larvas e vermes devoravam seu corpo. Aparentemente, as vítimas sobreviviam por 17 dias – decompunham-se vivas.
Por mais distantes e atrozes que esses castigos possam nos parecer hoje, a questão da tortura sancionada pelo Estado para atingir objetivos políticos ainda é atual. “A violência física é universal em todas as culturas”, conclui o novo livro. “Se vamos ver melhoras é difícil dizer, considerando a história da humanidade até hoje”.
(Originalmente publicado no site ceticismo)
2 comentários:
Todas essas práticas mostram o lado animalesco do ser humano ao longo da História. São fatos chocantes!
Olá prof Adinalzir. Concordo com você, são fatos chocantes, porém, devem ser relembrados pra não serem repetidos. ABraços!
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