No réveillon, tão tradicional quanto pular sete ondas, jogar rosas ao mar ou vestir-se de branco é relembrar fatos marcantes do ano que se vai. Para historiadores, no caso, é como parte do trabalho selecionar os fatos que já entraram para a História – missão cumprida pela equipe da Revista de História da Biblioteca Nacional.
O primeiro ano de mandato da primeira presidenta do Brasil não ficaria de fora – incluindo, principalmente, os sete ministros demitidos na faxina que já dura 12 meses e promete continuar em 2012. O pesquisador Rodrigo Elias vê um saldo positivo, sem perder de vista o pessimismo (ou realismo) que as recorrentes denúncias de corrupção fazem questão de alimentar. Para os historiadores, o ano que vem já se anuncia com grande expectativa diante da Comissão da Verdade, enfim sancionada pela ex-guerrilheira. Sem falar da construção da usina de Belo Monte, como lembra a pesquisadora iconográfica da RHBN, Agnes Alencar.
“As discussões sobre a construção de Belo Monte movimentaram internautas, acadêmicos, grupos indígenas e artistas diversos. O projeto, que já existe há mais de uma década, voltou às pautas de discussões com uma força inesperada e com as posições divergentes que eram de costume. Fotos antigas circularam na internet descoladas de seus contextos, vídeos novos pipocaram em redes sociais diversas inquirindo a população para agir e se posicionar contra a construção. Diante desta polêmica, que não é recente, talvez estejamos longe de um desfecho absoluto”.
O ano de 2011 consta na lápide de dois grandes nomes da política nacional: o ex-presidente Itamar Franco, morto em 2 julho, aos 81 anos, vítima de leucemia; e o ex-vice-presidente José Alencar, vítima de câncer em 29 de março após sucessivos embates que fixaram um exemplo de coragem e perseverança na memória nacional.
É o que lembra nosso pesquisador Gefferson Ramos, sem se esquecer de nomes que marcaram a historiografia como Max Justo Guedes, Maria Yedda Linhares e tantos outros que se foram junto com 2011. Sem contar ícones desta geração, como a cantora Amy Winehouse, vítima de uma “overdose de saúde” após parar com as drogas, e o empresário Steve Jobs, o “midas digital” que ajudou a revolucionar a comunicação da segunda década do século XXI e deixou a vida com status de ídolo pop. Além de outros que não queremos lembrar, como Osama bin Laden e Wellington Oliveira, o lunático autor do massacre na escola de Realengo, no Rio de Janeiro.
Este ano também será muito revisitado no futuro para os estudiosos do Oriente Médio, como lembra o pesquisador Alexandre Belmonte. Egito, Líbia e Tunísia foram alguns dos países sacudidos pela fúria badalada via internet, derrubando gerações de ditadores. Só isso bastaria para o inusitado marcar presença, não fosse o gostinho de 2011 por nos surpreender ao ponto de a Liga Árabe, historicamente composta por ditadores, se posicionar contra os... ditadores.
A volta dos protestos
Por essas e outras, muita gente achou que este ano o mundo virou do avesso – até terem certeza disso ao verem jovens dos Estados Unidos, berço do capitalismo, protestando contra o... capitalismo. O movimento Occupy Wall Street ganhou as páginas de jornais e de sites de todo o mundo com jovens ocupando praças e pedindo um genérico “mundo melhor”. Os “indignados”, como são chamados, passaram a ocupar praças em vários países enquanto se ocupam em definir o que, afinal, estão reivindicando.
Passeatas, cartazes e palavras de ordem deram lugar a dancinhas, instalações e outros movimentos artísticos – como conta o pesquisador Bruno Garcia na série “Cólera & Melancolia”, publicada quinzenalmente na RHBN Online.
Questões que, como tantas outras, prometem continuar no capítulo 2012 – seja lá o que a História nos reserva...
Nenhum comentário:
Postar um comentário