ANTECEDENTES
No início do século XX, Cuba era uma colônia (neo-colônia), norte-americana. Desgastada com a administração corrupta e claramente favorável ao capital estrangeiro, o povo começava a se inquietar de maneira preocupante para a metrópole. O movimento operário estava ganhando força e se fazendo notar, principalmente com duas grandes greves: dos Aprendizes (1902) e da Moeda (1907).
Sofrendo pelo altos níveis de inflação gerada pela Primeira Guerra Mundial e tendo sua economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar, sendo os Estados Unidos seu comprador quase exclusivo, a Grande Depressão de 1929, deixou claro que a situação em Cuba era muito frágil, já que 70% de sua economia era controlada pelo capital estadonidense.
Estando a pouco mais de 100km de distância de Miami, o território cubano se tornou o quintal dos ricos e emergentes que passavam em Cuba seus finais de semana. O que era ilegal nos Estados Unidos, era amplamente praticado em Cuba. Um lugar onde os yankees gastavam seus dólares com sexo, drogas e jogatina, a noite se enchia de prostitutas, malandros e vagabundos: claro, todos eles cubanos.
Até então Cuba esteve nas mãos de diversos dirigentes. Sempre sob o olhar e a mão firme da metrópole que defendia seus lucros e favorecia apenas a minoria burguesa, (onde a maioria era norte-americana com alguns poucos cubanos). Até que Fulgêncio Batista em 10 de março de 1952 tomou o poder através de um golpe assistido e apoiado pelos norte-americanos.
Paralelamente a isso, ocorreram diversas greves e revoltas. Sempre partindo do proletariado que se unia e do movimento estudantil que ganhava força. As primeiras ações sentidas foram os ataques e tentativas de tomada dos quartéis de Moncada e de Carlos Manuel de Céspedes, em 26 de Julho de 1953. A ação conjunta fracassou, resultando na morte de vários combatentes, em sua maioria jovens estudantes e a prisão de outros tantos. Entre os presos estava Fidel Alejandro Castro Ruz, recém-formado advogado pela Universidade de Havana.
Outros movimentos de revolta também tentaram ataques isolados, tendo todos fracassado. Enquanto isso Fidel Castro é liberto e exilado no México. E foi lá então, que reuniram-se condições, convergiram fatores, para que se pensasse em uma verdadeira guerrilha. Fidel tinha em torno de si uma grande rede de contatos que o apoiariam; foi com esse objetivo então, que em 1954, funda o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7). Baseado no México, articula ações e conta com casas de apoio e representantes, principalmente em Cuba, Guatemala e Estados Unidos.
Vivendo na clandestinidade, o M-26-7 tem grandes planos, mas tem maiores ainda dificuldades. Conciliar egos e pensamentos diferentes, manter o movimento coeso e unificado, treinar combatentes, angariar recursos e pessoal, evitar espiões e traidores. Num processo lento o plano é traçado: Penetrar com um foco guerrilheiro através das florestas ao sudoeste da ilha, aos pés da Sierra Maestra e espalhar a revolução, contando com a adesão popular e dos camponeses que vivem miseravelmente ali.
COMEÇA A GUERRA DE GUERRILHAS
Antes do amanhecer, em 2 de dezembro de 1956 o iate Granma, vindo do México, atraca (ou encalha), no litoral sudeste da ilha, transportando 82 combatentes. A viagem que durou 7 dias, 2 a mais que o planejado, fora desastrosa e cheia de incidentes.
Depois que o iate Granma de 12 metros com 82 homens, armas, mantimentos e medicamentos encalha, um tanto afastado da praia, o pessoal é obrigado a praticamente nadar já com o sol raiando e saraivadas de tiros de uma lancha da patrulha costeira cubana. O resultado foi um grande prejuízo de armas, munições e principalmente de pessoal. Do total, apenas 22 restaram para o foco insurrecional.
Re-começando praticamente do zero, o grupo precisa garantir a sua sobrevivência e reestruturação. Em território desconhecido, contavam com os camponeses que os guiassem pela floresta e muitas vezes para alimentá-los. Em contra-partida o governo retaliava, geralmente com a vida, quem fosse “pego” ajudando os rebeldes. “Pego”, por que na verdade para Fulgêncio, o motivo pouco importava. O importante era difundir a mensagem de que os rebeldes eram os bandidos e que não se envolvessem com eles; então era comum que acusassem o vizinho por vinganças particulares, como questões de dívida e assuntos pessoais.
Por fora, os contatos do M-26-7 corriam para recrutar novo pessoal, armas e dinheiro. Comunicando-se através de rádio, conhecida como Rádio Bemba (Sistema de Rádio Rural), Fidel assinava contratos, redigia artigos e planejava táticas.
Na capital o governo alardeava que suas tropas haviam sufocado o movimento, porém o que acontecia era justamente o contrário: tendo consciência de que ainda eram muito fracos, os revolucionários se ocupavam em manter-se sempre em movimento, criando emboscadas e evitando o inimigo.
Nas batalhas as colunas rebeldes sempre eram em número bastante inferior ao das tropas do exército, porém com a tática do “bate e corre”, conseguiam infligir certos danos e algumas vitórias parciais.
Passando fome muitíssimas vezes, a tensão e o cansaço fatigavam os combatentes. Sempre vivendo no limite, sem ter para amanhã, de tempos em tempos abria-se uma permissão para àqueles que não suportando mais iriam desertar. Fora dessas concessões quem desertasse era morto, pois sabia demais sobre o Movimento.
Conforme as colunas foram adentrando na floresta, foram também ganhando a simpatia dos guajiros, como é chamado o camponês; humilde e analfabeto, negro, mulato ou branco, pés descalços e chapéu de palha, que insatisfeitos com a maneira como viviam e esclarecidos sobre a real intenção dos combatentes, muitas vezes se juntavam a coluna ou guiavam pelos tortuosos caminhos. Grande parte dessa simpatia também se deveu ao fato de que qualquer espaço conquistado pelos rebeldes, logo era considerado Território Livre e suas terras divididas entre os camponeses. Entre eles havia também os traidores, que em troca de dinheiro, ou temendo pela própria vida ou da família, davam informações para o governo sobre posição e quantidade dos rebeldes.
As colunas, agora já maiores e melhor organizadas traziam consigo vantagens e desvantagens. Tornava-se inviável bater na casa de um camponês e pedir-lhe comida. A base guerrilheira, então instalada na Sierra Maestra funcionava como um Quartel General e muito por iniciativa de Ernesto Guevara (Che), criou-se em plena floresta um sistema rudimentar para a produção de pão e charque que alimentasse as tropas, artigos de couro para os soldados e inclusive uma pequena imprensa com um mimeógrafo antigo de onde era editados manifestos e até um jornal da floresta. Atos de insubordinação ou indisciplina, também eram frequentes e firmemente tolhidos. Algumas vezes até passíveis de crítica quanto a sua dureza, principalmente na figura de Che Guevara. Promovido a chefe de uma coluna, Che era conhecido pela sua conduta exemplar e por exigir não menos que isso de seus soldados.
Mas o que realmente incomodava ao mundo capitalista era o fato de que Che Guevara era um declarado Marxista e tinha se tornado uma voz importante ao lado de Fidel. Pode-se afirmar que o papel do médico argentino na orientação comunista do Movimento foi fundamental. Por sua vez, Fidel publicamente tentava afastar essa idéia da imprensa e do mundo por assim dizer; já bastavam os problemas que tinham sem isso.
Num período de 2 anos, as forças guerrilheiras do Movimento Revolucionário 26 de Julho lutaram contra forças desiguais, mas entre altos e baixos, conseguiam empurrar as tropas inimigas para trás de suas linhas. Politicamente a guerra também era intensa; envolvia as 2 maiores potências do mundo na época e uma pequena ilha no Caribe. Nas palavras de Fidel, “foi uma briga de Davi e Golias”.
Conforme a distância da capital diminui, os combates vão se tornando mais francos e ferozes. Na capital, Fulgêncio sabe que a hora de definir é agora. Lança mão de suas últimas forças e joga tudo. As colunas rebeldes estão fechando o certo e impondo derrota após derrota. A coluna de Che já toma a segunda cidade em importância de Cuba e marcha para a capital, assim como a coluna de Camilo Cienfuegos, personagem de vital importância para a Revolução.
A vitória se tornou evidente quando próximo a capital, os rebeldes interceptaram e tomaram um trem blindado repleto de material bélico que não chegou ao seu destino. Esse foi um importante contra-golpe que as forças revolucionárias impuseram à ditadura de Fulgêncio, que depositava nesse trem suas últimas forças realmente significativas. Já com as forças batistianas batendo em retirada e se dispersando, o M-28-7 chegou enfim, em 01/01/1959 à capital Havana para travar o último e definitivo combate. O então ex-presidente, Fulgêncio Batista já havia fugido do país na madrugada anterior, junto com a cúpula de seu governo corrupto. A burguesia e a elite das forças armadas também já deixara o país, abandonando tudo que não pudesse ser levado. Sabendo disso o povo pega em armas e em pleno cenário urbano travam-se combates isolados com as poucas forças resistentes e atiradores de elite.
As tropas rebeldes são recebidas na cidade como verdadeiros heróis. Durante os anos que a guerrilha durou, o personagem barbudo e maltrapilho que se fez dos revolucionários já era conhecido da população. Sabe-se que nesses anos a TV e a moda em Cuba valorizou a barba e os cabelos grandes, que no caso dos guerrilheiros não era uma opção. A muitas crianças deu-se o nome de Fidel e Ernesto.
PÓS-REVOLUÇÃO E CONCLUSÃO
Depois de um discurso de posse, transmitido pela TV, onde as forças libertadoras entregavam Cuba para os cubanos, tem início em Cuba uma nova era. Os muitos anos seguintes seriam dedicados ao expurgo dos ex-funcionários batistianos e ao julgamento daqueles que se quedaram ou foram feitos presos durante as batalhas. Muito criticou-se também os métodos utilizados para o julgamento e os pelotões de fuzilamento, que era o destino final dos condenados. Che era o responsável pelo Tribunal Sumário e há quem se refira, como holocausto. Porém esquecem que foi uma guerra e das milhares de pessoas que morreram nas mão desses a quem estava se dando a chance de um julgamento.
O papel do Estados Unidos durante a revolução era de indiscutível e declarado apoio às forças batistianas. Enquanto que o da União Soviética também se fez presente apoiando Fidel e o regime comunista que aos poucos foi emergindo. Estamos em plena Guerra Fria. Depois da vitória rebelde ainda muitas águas rolariam. Desde tentativas de contra-revolução, financiadas pela CIA, como a da Baía dos Porcos; ou a Crise dos Mísseis envolvendo os EUA e a URSS que por pouco não deu início s temida Guerra Nuclear. Também foi feita uma tentativa de envenenar Fidel.
Admitindo que não conseguiria reverter a situação militarmente sem causar um grande alvoroço internacional, os Estados Unidos decidem então apelar para a “violência econômica”, assim denominada por Fidel. Em outras palavras, colocaram em prática o embargo comercial, (ainda em vigor), onde não mais comprariam nem venderiam nada a Cuba. Não satisfeitos, pressionaram muitos outros países da América e Europa a fazer o mesmo. Com o passar dos anos a maioria desses países voltou a se relacionar comercialmente, porém as relações diplomáticas entre Cuba e os EUA estão cortadas até os dias de hoje.
.No início do século XX, Cuba era uma colônia (neo-colônia), norte-americana. Desgastada com a administração corrupta e claramente favorável ao capital estrangeiro, o povo começava a se inquietar de maneira preocupante para a metrópole. O movimento operário estava ganhando força e se fazendo notar, principalmente com duas grandes greves: dos Aprendizes (1902) e da Moeda (1907).
Sofrendo pelo altos níveis de inflação gerada pela Primeira Guerra Mundial e tendo sua economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar, sendo os Estados Unidos seu comprador quase exclusivo, a Grande Depressão de 1929, deixou claro que a situação em Cuba era muito frágil, já que 70% de sua economia era controlada pelo capital estadonidense.
Estando a pouco mais de 100km de distância de Miami, o território cubano se tornou o quintal dos ricos e emergentes que passavam em Cuba seus finais de semana. O que era ilegal nos Estados Unidos, era amplamente praticado em Cuba. Um lugar onde os yankees gastavam seus dólares com sexo, drogas e jogatina, a noite se enchia de prostitutas, malandros e vagabundos: claro, todos eles cubanos.
Até então Cuba esteve nas mãos de diversos dirigentes. Sempre sob o olhar e a mão firme da metrópole que defendia seus lucros e favorecia apenas a minoria burguesa, (onde a maioria era norte-americana com alguns poucos cubanos). Até que Fulgêncio Batista em 10 de março de 1952 tomou o poder através de um golpe assistido e apoiado pelos norte-americanos.
Paralelamente a isso, ocorreram diversas greves e revoltas. Sempre partindo do proletariado que se unia e do movimento estudantil que ganhava força. As primeiras ações sentidas foram os ataques e tentativas de tomada dos quartéis de Moncada e de Carlos Manuel de Céspedes, em 26 de Julho de 1953. A ação conjunta fracassou, resultando na morte de vários combatentes, em sua maioria jovens estudantes e a prisão de outros tantos. Entre os presos estava Fidel Alejandro Castro Ruz, recém-formado advogado pela Universidade de Havana.
Outros movimentos de revolta também tentaram ataques isolados, tendo todos fracassado. Enquanto isso Fidel Castro é liberto e exilado no México. E foi lá então, que reuniram-se condições, convergiram fatores, para que se pensasse em uma verdadeira guerrilha. Fidel tinha em torno de si uma grande rede de contatos que o apoiariam; foi com esse objetivo então, que em 1954, funda o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7). Baseado no México, articula ações e conta com casas de apoio e representantes, principalmente em Cuba, Guatemala e Estados Unidos.
Vivendo na clandestinidade, o M-26-7 tem grandes planos, mas tem maiores ainda dificuldades. Conciliar egos e pensamentos diferentes, manter o movimento coeso e unificado, treinar combatentes, angariar recursos e pessoal, evitar espiões e traidores. Num processo lento o plano é traçado: Penetrar com um foco guerrilheiro através das florestas ao sudoeste da ilha, aos pés da Sierra Maestra e espalhar a revolução, contando com a adesão popular e dos camponeses que vivem miseravelmente ali.
COMEÇA A GUERRA DE GUERRILHAS
Antes do amanhecer, em 2 de dezembro de 1956 o iate Granma, vindo do México, atraca (ou encalha), no litoral sudeste da ilha, transportando 82 combatentes. A viagem que durou 7 dias, 2 a mais que o planejado, fora desastrosa e cheia de incidentes.
Depois que o iate Granma de 12 metros com 82 homens, armas, mantimentos e medicamentos encalha, um tanto afastado da praia, o pessoal é obrigado a praticamente nadar já com o sol raiando e saraivadas de tiros de uma lancha da patrulha costeira cubana. O resultado foi um grande prejuízo de armas, munições e principalmente de pessoal. Do total, apenas 22 restaram para o foco insurrecional.
Re-começando praticamente do zero, o grupo precisa garantir a sua sobrevivência e reestruturação. Em território desconhecido, contavam com os camponeses que os guiassem pela floresta e muitas vezes para alimentá-los. Em contra-partida o governo retaliava, geralmente com a vida, quem fosse “pego” ajudando os rebeldes. “Pego”, por que na verdade para Fulgêncio, o motivo pouco importava. O importante era difundir a mensagem de que os rebeldes eram os bandidos e que não se envolvessem com eles; então era comum que acusassem o vizinho por vinganças particulares, como questões de dívida e assuntos pessoais.
Por fora, os contatos do M-26-7 corriam para recrutar novo pessoal, armas e dinheiro. Comunicando-se através de rádio, conhecida como Rádio Bemba (Sistema de Rádio Rural), Fidel assinava contratos, redigia artigos e planejava táticas.
Na capital o governo alardeava que suas tropas haviam sufocado o movimento, porém o que acontecia era justamente o contrário: tendo consciência de que ainda eram muito fracos, os revolucionários se ocupavam em manter-se sempre em movimento, criando emboscadas e evitando o inimigo.
Nas batalhas as colunas rebeldes sempre eram em número bastante inferior ao das tropas do exército, porém com a tática do “bate e corre”, conseguiam infligir certos danos e algumas vitórias parciais.
Passando fome muitíssimas vezes, a tensão e o cansaço fatigavam os combatentes. Sempre vivendo no limite, sem ter para amanhã, de tempos em tempos abria-se uma permissão para àqueles que não suportando mais iriam desertar. Fora dessas concessões quem desertasse era morto, pois sabia demais sobre o Movimento.
Conforme as colunas foram adentrando na floresta, foram também ganhando a simpatia dos guajiros, como é chamado o camponês; humilde e analfabeto, negro, mulato ou branco, pés descalços e chapéu de palha, que insatisfeitos com a maneira como viviam e esclarecidos sobre a real intenção dos combatentes, muitas vezes se juntavam a coluna ou guiavam pelos tortuosos caminhos. Grande parte dessa simpatia também se deveu ao fato de que qualquer espaço conquistado pelos rebeldes, logo era considerado Território Livre e suas terras divididas entre os camponeses. Entre eles havia também os traidores, que em troca de dinheiro, ou temendo pela própria vida ou da família, davam informações para o governo sobre posição e quantidade dos rebeldes.
As colunas, agora já maiores e melhor organizadas traziam consigo vantagens e desvantagens. Tornava-se inviável bater na casa de um camponês e pedir-lhe comida. A base guerrilheira, então instalada na Sierra Maestra funcionava como um Quartel General e muito por iniciativa de Ernesto Guevara (Che), criou-se em plena floresta um sistema rudimentar para a produção de pão e charque que alimentasse as tropas, artigos de couro para os soldados e inclusive uma pequena imprensa com um mimeógrafo antigo de onde era editados manifestos e até um jornal da floresta. Atos de insubordinação ou indisciplina, também eram frequentes e firmemente tolhidos. Algumas vezes até passíveis de crítica quanto a sua dureza, principalmente na figura de Che Guevara. Promovido a chefe de uma coluna, Che era conhecido pela sua conduta exemplar e por exigir não menos que isso de seus soldados.
Mas o que realmente incomodava ao mundo capitalista era o fato de que Che Guevara era um declarado Marxista e tinha se tornado uma voz importante ao lado de Fidel. Pode-se afirmar que o papel do médico argentino na orientação comunista do Movimento foi fundamental. Por sua vez, Fidel publicamente tentava afastar essa idéia da imprensa e do mundo por assim dizer; já bastavam os problemas que tinham sem isso.
Num período de 2 anos, as forças guerrilheiras do Movimento Revolucionário 26 de Julho lutaram contra forças desiguais, mas entre altos e baixos, conseguiam empurrar as tropas inimigas para trás de suas linhas. Politicamente a guerra também era intensa; envolvia as 2 maiores potências do mundo na época e uma pequena ilha no Caribe. Nas palavras de Fidel, “foi uma briga de Davi e Golias”.
Conforme a distância da capital diminui, os combates vão se tornando mais francos e ferozes. Na capital, Fulgêncio sabe que a hora de definir é agora. Lança mão de suas últimas forças e joga tudo. As colunas rebeldes estão fechando o certo e impondo derrota após derrota. A coluna de Che já toma a segunda cidade em importância de Cuba e marcha para a capital, assim como a coluna de Camilo Cienfuegos, personagem de vital importância para a Revolução.
A vitória se tornou evidente quando próximo a capital, os rebeldes interceptaram e tomaram um trem blindado repleto de material bélico que não chegou ao seu destino. Esse foi um importante contra-golpe que as forças revolucionárias impuseram à ditadura de Fulgêncio, que depositava nesse trem suas últimas forças realmente significativas. Já com as forças batistianas batendo em retirada e se dispersando, o M-28-7 chegou enfim, em 01/01/1959 à capital Havana para travar o último e definitivo combate. O então ex-presidente, Fulgêncio Batista já havia fugido do país na madrugada anterior, junto com a cúpula de seu governo corrupto. A burguesia e a elite das forças armadas também já deixara o país, abandonando tudo que não pudesse ser levado. Sabendo disso o povo pega em armas e em pleno cenário urbano travam-se combates isolados com as poucas forças resistentes e atiradores de elite.
As tropas rebeldes são recebidas na cidade como verdadeiros heróis. Durante os anos que a guerrilha durou, o personagem barbudo e maltrapilho que se fez dos revolucionários já era conhecido da população. Sabe-se que nesses anos a TV e a moda em Cuba valorizou a barba e os cabelos grandes, que no caso dos guerrilheiros não era uma opção. A muitas crianças deu-se o nome de Fidel e Ernesto.
PÓS-REVOLUÇÃO E CONCLUSÃO
Depois de um discurso de posse, transmitido pela TV, onde as forças libertadoras entregavam Cuba para os cubanos, tem início em Cuba uma nova era. Os muitos anos seguintes seriam dedicados ao expurgo dos ex-funcionários batistianos e ao julgamento daqueles que se quedaram ou foram feitos presos durante as batalhas. Muito criticou-se também os métodos utilizados para o julgamento e os pelotões de fuzilamento, que era o destino final dos condenados. Che era o responsável pelo Tribunal Sumário e há quem se refira, como holocausto. Porém esquecem que foi uma guerra e das milhares de pessoas que morreram nas mão desses a quem estava se dando a chance de um julgamento.
O papel do Estados Unidos durante a revolução era de indiscutível e declarado apoio às forças batistianas. Enquanto que o da União Soviética também se fez presente apoiando Fidel e o regime comunista que aos poucos foi emergindo. Estamos em plena Guerra Fria. Depois da vitória rebelde ainda muitas águas rolariam. Desde tentativas de contra-revolução, financiadas pela CIA, como a da Baía dos Porcos; ou a Crise dos Mísseis envolvendo os EUA e a URSS que por pouco não deu início s temida Guerra Nuclear. Também foi feita uma tentativa de envenenar Fidel.
Admitindo que não conseguiria reverter a situação militarmente sem causar um grande alvoroço internacional, os Estados Unidos decidem então apelar para a “violência econômica”, assim denominada por Fidel. Em outras palavras, colocaram em prática o embargo comercial, (ainda em vigor), onde não mais comprariam nem venderiam nada a Cuba. Não satisfeitos, pressionaram muitos outros países da América e Europa a fazer o mesmo. Com o passar dos anos a maioria desses países voltou a se relacionar comercialmente, porém as relações diplomáticas entre Cuba e os EUA estão cortadas até os dias de hoje.
FONTE: InfoEscola
Professor do CNEC explica a Revolução Cubana:
Dr Sócrates fala sobre Cuba em entrevista à Marilia Gabriela:
Entrada de Fidel e a tropa do Movimento 26 de Julho entrando em Havana:
Por Otávio Dutra*
Há 53 anos um povo se levantou contra as garras do imperialismo dos EUA e
do sistema de injustiça, privilégios e exploração - o capitalismo.
Desde então foram duras as batalhas, com sucessivos boicotes, golpes,
atentados, bloqueio econômico e terrorismo, tudo porque esse povo
decidiu lutar pelo direito de construir uma sociedade livre, de justiça e
humanismo.
Mas, mesmo com tantos empecilhos, resistiram e vem construindo uma
sociedade que está longe de ser perfeita, mas que avança a cada dia na
perspectiva dessa sociedade em que a riqueza não é privada, mas
coletiva. Essa sociedade esse rebelde povo chama de SOCIALISMO. Mas não
importa o nome, o importante é o conteúdo que leva, os valores que
constrói e a energia que transmite aos povos do mundo de que sim é
possível fazer diferente e melhor.
Cuba e seu heróico povo dão aos povos do mundo o exemplo de que não
necessitamos viver numa sociedade de poucos ricos e muitos pobres, de
violência crescente, em que a espiritualidade se transforma em
consumismo e o mercado é um Deus.
Cuba, em 53 anos do que eles chamam de socialismo, diariamente dá
mostras de que tamanho sacrifício de tantas gerações não foi e não é em
vão, nítido no sorriso de cada cubaninha e de cada cubaninho, livres
para brincar, criar e se desenvolver integralmente.
Essa é Cuba, que se não fosse essa revolução há 53 anos provavelmente
seria lembrada como hoje é lembrado o Haití, pela miséria e pela
ingerência estrangeira. Se não fosse a heróica jornada dos “barbudos” do
M-26-7 e do povo organizado que triunfou em 1 de janeiro de 1959,
jamais Cuba seria lembrada hoje pelo mundo por sua medicina de ponta,
pela descoberta de medicamentos que abrem caminho para a cura do câncer,
por seus atletas patriotas, seus professores que alfabetizam a América
Latina, por seus escritores, músicos, bailarinos, pintores e cineastas.
Por tudo isso hoje eu, junto aos cubanos e cubanas, comemoramos não
apenas o início de um novo ano, mas o marco de mais um ano de
resistência e de construção do socialismo. E comemoramos de punho
erguido em cada bairro, em cada Comitê de Defesa da Revolução-CDR, em
cada centro de trabalho e de estudo, seguros que a vitória pode tardar,
mas seguramente será nossa!
Viva o aniversário 53 da Revolução Cubana!
Viva Fidel!
Viva o Socialismo!
*estudante de medicina da Escola Latino Americana de Medicina em Havana
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