18 de Julho de 1841: Nesta data, o filho ainda moleque de Dom Pedro I assumia o trono brasileiro. Apesar de ser meio polêmico afirmar isso, dá sim pra se dizer que o filho superou o pai como estadista. Mais democrático, mais calmo, menos autoritário, Dom Pedro I teve um governo razoavelmente bom.
Seu sonho, caso não fosse imperador, gostaria de ser Professor. E de fato, ele tinha uma característica que esta profissão exige: Intelectualidade. Neste texto, conheça algumas de suas curiosidades: Deu seus pitacos como fotógrafo, egiptólogo, protetor cultural, ecologista, astrônomo e muito mais. Conheça mais afundo outros lados do Imperador brasileiro
O FOTÓGRAFO
Nas suas viagens pelo exterior, a maioria de estudo e pesquisa, levava consigo uma comitiva de especialistas nos temas locais e também um fotógrafo, responsável por registrar sua passagem pelos diversos locais que visitava. Foi assim que o imperador começou a se interessar pela fotografia. Adquiriu seu equipamento em março de 1840, alguns meses antes que esses aparelhos fossem comercializados no Brasil.e deu início à coleção, que ficou 110 anos guardada no arquivo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
O EGIPTÓLOGO
O estudo pelo antigo Egito foi objeto de fascínio dos dois imperadores brasileiros. Motivado pelo interesse pessoal e pelos objetos deixados pelo pai, que até adquiriu uma múmia rara da região de Tebas, D.Pedro II, um poliglota e estudioso, foi o primeiro governante brasileiro a viajar ao Egito na época de 1870.
Em seu acervo constavam três múmias femininas e uma delas, a sacerdotisa Sha-Amon-em-su, ( a cantora sagrada de Amon) é uma das oito do mundo que encontra-se com os braços enrolados separados do corpo e seu sarcófago ainda está lacrado. Graças a um exame de tomografia foi constatado que a múmia possui todos os amuletos de ouro, incluindo o escaravelho azul.
A imperatriz Teresa Cristina trouxe como dote mais de 700 itens distribuídos entre vasos de cerâmica, lamparinas e estatuetas de terracota, objetos de bronze, esculturas em pedra, frascos de vidro e outros, a coleção Grego-romana.
Outros elementos da coleção, como os vasos etruscos, foram encontrados durante as escavações arqueológicas promovidas pela própria Imperatriz em suas terras, integrando seu dote de casamento. As peças datam de um período histórico que se estende do Séc. VII A.C ao Séc. III D. C.
Foi por intermédio dela que, em 1853, seu irmão Fernando II, Rei das Duas Sicílias, mandou para o Brasil peças de vários sítios arqueológicos da Itália, a maioria de Herculano e Pompéia.
O Imperador contribuiu com diversas peças de arte egípcia, fósseis e exemplares botânicos, entre outros ítens, obtidos por ele em suas viagens. Desta forma o Museu Nacional se modernizou e tornou-se o centro mais importante da América do Sul em História Natural e Ciências Humanas.
PROTETOR DA CULTURA
A presença ativa do Imperador estava em todos os assuntos relacionados com a ciência, a tecnologia e a educação. Fazendo o papel de mecenas, o interesse de Dom Pedro II pelas ciências o levou a buscar a companhia de cientistas, tanto no Brasil como no exterior, e a participar de todos os acontecimentos culturais e científicos mais importantes do país.
Para se ter uma idéia, o colégio D. Pedro II - a única Instituição a realizar os exames que possibilitavam o ingresso nos cursos superiores - era mantido pelo imperador e ele mesmo também escolhia os professores, assistia às provas e conferia as médias.
Ajudou, de várias formas, o trabalho de vários cientistas como Martius, Lund, Agassiz, Derby, Glaziou, Seybold.... Financiou ainda vários profissionais como agrônomos, arquitetos, professores, engenheiros, farmacêuticos, médicos, pintores etc. Um exemplo famoso é o de Guilherme Schuch, futuro Barão de Capanema. D. Pedro II enviou-o em 1841 para a Áustria, a fim de estudar engenharia, pagando a viagem, roupas, e destinando uma mesada regular até terminar seus estudos no Instituto Politécnico.
Apreciador da literatura e das artes, incentivou a criação das Escolas Normais, dos Liceus de Artes e Ofícios, dos Conservatórios Dramático Brasileiro e Imperial de Música. Criou e coordenou o Instituto Histórico Brasileiro e apoiou os estudos de Artes Plásticas com doações de bolsas e prêmios, financiados pelo próprio soberano, de viagem à Europa para os alunos da Academia Imperial de Belas Artes.
O DESBRAVADOR
Em 30 de abril de 1854, inaugurou a Estrada de Ferro Petrópolis, fundada por Irineu Evangelista de Souza, Visconde e depois Barão de Mauá, patrono do Ministério dos Transportes. A primeira locomotiva a vapor do Brasil foi batizada de "Baronesa" , em homenagem à esposa do Barão de Mauá, Dona Maria Joaquina.
D. Pedro decretou a construção das primeiras linhas telegráficas do país e introduziu a produção cafeeira, o que promoveu o crescimento da economia brasileira.
O imperador esteve na exposição de Filadélfia, Estados Unidos, em 1876, ocasião em que Alexander Graham Bell demonstrou a sua nova invenção: o telefone. Na ocasião, ele exclamou: Esta coisa fala! O Imperador fez uma encomenda de 100 aparelhos para o Brasil.
De espírito liberal, não só ajudou a cultura, criando e reformando várias escolas e faculdades, mas incentivou a industrialização do país, participando pessoalmente da seleção de pedidos de privilégio industrial, e ainda aboliu a escravidão, através de sua filha a princesa Isabel.
Encantado com a vista panorâmica do alto do morro, de onde se pode avistar inclusive a belíssima Lagoa Rodrigo de Freitas, D. Pedro II sugeriu um caminho para facilitar o acesso ao local. E, contrariando a maior parte da população que achava mais confiável ir no lombo de um cavalo, o imperador redigiu um decreto autorizando a construção da ferrovia, em janeiro de 1882. Apesar do trecho curto, 3.829 metros (na época era a menor via férrea da América Latina), o projeto demorou dois anos para ficar pronto. A construção foi feita em duas etapas: primeiro ficaram prontas as estações Cosme Velho e Silvestre, inauguradas em 1884; em seguida, Paineiras e Alto do Corcovado, entregues em 1885 e inauguradas pelo próprio imperador que fez a primeira viagem acompanhado pela princesa Isabel e sua comitiva.
O LIBERAL
Embora não seja reconhecido, dom Pedro II contribuiu bastante para a liberdade de imprensa. No reinado de Dom Pedro II não havia presos políticos, nem censura à imprensa.
A liberdade era tanto que circulava até um jornal pregando a derrubada da monarquia...
Mesmo assim, Pedro II fez questão de manter a liberdade de imprensa, apesar de freqüentemente choverem caricaturas ridicularizando-o com um certo "desinteresse" quanto a assuntos administrativos.
Em entrevista com o jornalista imigrante alemão Carl Von Koseritz ( Jornalista e político alemão, naturalizado brasileiro, lutou pela abolição da escravidão e por uma política adequada de colonização.) o Imperador fez a seguinte declaração: "Senhor Koseritz, aproveito a ocasião para dizer-lhe que o estimo, pois sei que o senhor é um homem esforçado que trabalha pelo bem desse país, mas gostaria que o senhor não fosse mais injusto comigo. Não penso em levar a mal as críticas sobre os meus atos. As censuras são úteis e necessárias, mas com justiça, porque eu posso errar como qualquer homem. Somente as injustiças pessoais devem ser evitadas"
A imprensa sofreu as conseqüências do chamado “Decreto Rolha”, considerado por alguns historiadores como a primeira lei de segurança nacional do país no início da República. O decreto 295 de 29 de março de 1890, decorrente do primeiro, aplicava-se a, “todos aqueles que derem origem a falsas notícias e boatos dentro ou fora do país ou concorram pela imprensa, por telegrama ou por qualquer modo, para pô-los em circulação.”
O ECOLOGISTA
Em 1862, ordenou o replantio de toda a vegetação nativa onde hoje é a Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro a maior floresta urbana do mundo. Totalmente devastada em função do plantio de café, comprometeu as nascentes dos rios e alterou o equilíbrio climático da época.
O ASTRÔNOMO
Em seu diário escreveria D. Pedro II: “Se não fosse imperador do Brasil quisera ser professor". O imperador mantinha contato estreito com muitos nomes ilustres da época, como Camille Flamarion e Victor Hugo, com os quais dividia a paixão pela Astronomia. Fundou bibliotecas, museus, observatórios astronômicos e meteorológicos em várias partes do país, algumas vezes mantendo-os com recursos pessoais.
O Imperial Observatório do Brasil havia sido criado por decreto de D Pedro I em 1827, no Rio de Janeiro, mas só começara a funcionar quase vinte anos depois. D. Pedro II deu forma e alma a instituição, cedendo os próprios instrumentos que utilizava em seu observatório particular na Quinta da Boa Vista, para que o Imperial Observatório pudesse iniciar suas atividades.
Sua Majestade ansiava por desenvolver um observatório astronômico moldado nos mais modernos, como o famoso observatório de Nice, onde foi descoberto o asteróide 293, chamado Brasília, em homenagem ao Imperador, quando do seu exílio, em Paris.
O Imperial Observatório trouxe-lhe muitas realizações. Em Janeiro de 1887 o próprio Imperador, bom em matemática, fez estimativas do comprimento da cauda de um cometa, como ficou registrado na revista francesa "L'Astronomie", publicada até hoje.
D Pedro II estava sempre em contato com os astrônomos do Imperial Observatório e discorria com rara competência sobre diversas questões científicas. Ele tinha um apartamento privativo neste observatório, onde passava varias noites fazendo observações junto com esses astrônomos. Em fins de 1889 um grande telescópio por ele encomendado e pago, como sempre do seu próprio bolso, sequer chegou a ser desembarcado no porto do Rio de Janeiro, por ordem dos republicanos, após o grande golpe de 15 de novembro de 1889. Foi um mergulho ao mundo das trevas. O que seria o maior telescópio da America do Sul e mapearia os céus do Hemisfério foi enviado de volta para a Europa.
Fonte:Escrita
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